Tuesday, September 06, 2005

A janela

Observo-a.
Vidros limpos e transparentes... Parede branca e limpa.
Canteiros de flores a cinco andares sobre o solo.

Aguardo...
Ela abre-se...
Surge uma senhora...

Mas que beleza negra..!

Cabelos encaracolados, apanhados num rabo de cavalo.
Testa limpa e brilhante.
Sobrancelhas pequenas e finas, mas expressivas.

Olhos grandes, mas ligeiramente amendoados.
Com uma côr que lembrava o mais puro mel de abelhas,
mas com um pequeno retoque de âmbar.
Com pestanas longas e negras,
embelezando a simplicidade do requinte de um olhar.

Nariz pequeno e longo,
quebrando tudo o que havia de comum na imensidão negra da pele.

Lábios grossos e rosados que esboçavam um sorriso.
Um sorriso brilhante que imanava alegria naquela fresca manhã de Verão.
Um sorriso que parecia sobressair ao observar as suas preciosidades dançar ao sabor do vento.

Duas preciosidades criadas com tanto amor.
Duas preciosidades criadas da mesma terra.
Duas preciosidades criadas com tanta ternura.

Duas rosas vermelhas, brotando daqueles canteiros cheios de vida.



Aguardo...
A senhora desaparece.
A janela está aberta.

Observo-a...




PS: Inspirado na janela que vi a caminho de Cascais.