Tuesday, April 25, 2006

Passeio no parque

Passeio no parque
Respiro fundo o ar límpido do Porto
Daquele lindo jardim... O Jardim dos Namorados.
Vejo o rio Douro a olhar para o jardim.
Ouço-o supirar.
"Mas que linda paisagem" - penso eu.

Sento-me no banco e observo o que me rodeia.
Pinheiros, eucaliptos, arbustos diversos, flores, musgo.
Esquilos a correrem de ramo em ramo, pássaros a cantar o típico soneto.
Aquele chilrear que quase acompanha a própria brisa do vento, a respiração da Terra.
Folhas caídas, secas pelo Sol, e arrastadas pelo vento.

Continuo a observar...
Folhas verdes dos mais diversos tons. Com um brilho que fazia lembrar diamantes coloridos!
Flores tão belas, tão pequenas, tão frágeis, tão desprotegidas, mas, ao mesmo tempo, tão poderosas e tão vivas.

Ao longe vejo as duas pontes sobre o Douro, mas que belas pontes.
Gaia dum lado, Porto do outro...

Vejo mais...
Um casal, mesmo ao meu lado.
Um rapaz e uma rapariga.
Ele moreno de cabelos aloirados e olhos castanhos.
Ela negra de cabelos longos e pretos e olhos verdes.

Olharam-se um para o outro... mas que Amor..!
Olhar tão sereno, mas tão intenso e profundo...! De intensidade tal, que nem conseguia conter o amor que sentia!

"Amo-te" - diziam os olhos do rapaz para os da rapariga.
Ela sorriu e escondeu os olhos.
Ele subiu-lhe o queixo, olhou-a nos olhos e beijou-a... mas que doce..!

Naquele momento, o tempo era deles, o espaço era deles, o universo era deles... mas nada disso importava se não se tivessem um ao outro.

Lentamente, voltam ao mundo real. Saíam daquele sonho que viviam naquele beijo.
Ela tinha que se ir embora.
Ela não podia beijá-lo, nem abraçá-lo, nem tocá-lo fora dos segredos daquele jardim.

"Não, não te vás embora... eu amo-te!" - diziam os olhos do rapaz, com um olhar tão triste, e baixou os olhos...
Por instantes, pareceu-me chorar, mas rápidamente se recompôs.

Abraçaram-se.
Ela não o queria deixar.
Ele não a queria ver partir.
Ela apertou-o contra ela.
Ele apertou-a contra ele.
Inspiraram fortemente o aroma de cada um, largando um longo suspiro.

Ela pegou nos livros que tinha posto no banco ao meu lado.
Ele pegou na vassoura.
Ela começou a andar. Afastando-se dele, mas sempre a olhar para trás.

"MARIA!!" - ouvia-se a voz do pai dela, o dono da casa de vinhos do jardim.

Ele acenou um triste adeus.
Ela virou a cara e apressou o passo.

Os dois lançaram outro longo e alto supiro:
"Até mais, meu amor!" - dizia o supiro.


PS: Finalmente voltei, e deixo aqui um texto que dedico à minha melhor amiga, Gina, que faz anos hoje! :)

Espero que gostem e que tu, Gina, gostes também!! :)