Saturday, February 19, 2005

Adaptações: Vim para Macau!

OK, vou ser muito sincero, hoje não estou para muitas filosofias, nem para muitos dramatismos, de modo que estou meio adormecido, no entanto, pensei que era giro falar doutros temas, sem ser tudo filosófico...

Enfim, adaptações... Adaptam-se imensas coisas hoje em dia, como um filme dobrado para poruguês, uma peça de teatro adaptada para cinema... Enfim, muitas mais que não me recordo agora... Mas, nós seres humanos também temos de nos adaptar ao que a vida nos oferece... Sim, temos de lutar por o que queremos, não tenhamos dúvida nisso. Mas, e quando fazemos uma escolha, e não estamos preparado para ela...?

Quando decidi vir para Macau, não sabia o que haveria de acontecer, como haveria de mudar a minha vida, como ficaria sem os meus melhores amigos, especialmente a Pandora e a Marta (adoro-vos imenso amigas! nunca se esqueçam disso!). Não estava psicológicamente preparado...
Macau é um meio pequeno, e a comunidade igualmente diminuta... Por isso, qualquer pessoa nova que chegue é alvo de atenção... Pois, e foi isso que me aconteceu, depois de ter visto os meus antigos colegas, e como eles diziam, "EI!!!! Tu emagreceste Bués!!!!!" Enfim, foi giro encontrar os meus antigos colegas... Mas esta atenção toda rapidamente acabou... Passaram-se apenas duas semanas, e eu sentia-me só, perdido, porque não sabia com quem falar... Do que falar... Tanta coisa... E a falta da Marta, a minha confidente, meu deus, nunca pensei que havia de sentir esta falta, senti como me tivessem partido todo... Tinha perdido o meu suporte.
Mas, então apareceu a Sara, encantei-me com ela! Ela era diferente dos outros, era... Não sei, era aberta, não me afastou muito... E fiz uma grande amiga! No entanto, sentia-me posto de parte... Na minha turma não tinha ninguém que me agarra-se (e talvez tenha também sido isso que me baixou as notas)
O tempo foi passando, e tive outra crise de saudades... Mãe! Vivo a 18000 KM da minha mãe, e ela ouvia-me em tudo, falava comigo... Enfim, é a minha maior amiga! Mas pensei que conseguia superar as saudades, mas não consegui! Com as notas a cairem, e eu sem amigos (pensava eu)... Caí...
Mas voltei a erguer-me! Não ficaria caído durante muito tempo... Não sei ser deprimente... Sou alegre! E vivo com alegria!
Com o tempo, fui me adaptando a Macau, às pessoas de cá... Conheci a Rita, a Catarina, a Lea, a Lúcia... Enfim, as pessoas mais chegadas neste momento (e não estou a excluir a Sara).
Dei a entender a muitas pessoas que podiam (e podem) confiar em mim. Ofereci a minha confiança aos meus colegas, mas simplesmente desligaram-me! Hoje temos algumas conversas, mas nada que vá por aí além... Somos colegas amigos. (Sem ofensa para quem lê isto, se me consideram amigo, demonstrem-no!)
Outra coisa que apercebi-me de Macau, é que ninguém é o que na verdade é! Todos têm medode ser o que na verdade são, e quem assim o é, é gozado, ou posto de parte... Enfim, eu cresci como um europeu e tenho uma cultura ocidental bem definida. E houve um pequeno choque cultural, mas como a minha mãe me tinha dito, tinha de saber aceitar, e aceito. Posso não compreender, mas aceito...

Enfim, para terminar o texto, pois começa a tornar-se excessivamente extenso...
A minha ida para Macau ajudou-me em muita coisa, como, saber quanta falta amigos podem fazer e ver o mundo noutra perspectiva. No entanto, eu acho que Macau matou-me muito, já não tenho a energia que tinha em Portugal. Cá não tenho modo de "descarregar as minhas baterias", e ninguém que me "volte a carregar"... Há coisas boas e más, temos de saber ver isso...

Este texto é para aqueles que estão a adaptar-se a um espaço novo, é para aqueles que estão interessados em saber simplesmente o que é uma adaptação a um espaço ao qual não estamos preparados.